O presidente do partido Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamola), Venâncio Mondlane, manifestou duras críticas às recentes declarações do governador de Cabo Delgado sobre a eventual abertura de diálogo com grupos terroristas que actuam na província, classificando-as como “teatrais” e “desprovidas de conteúdo político real”.
Segundo Mondlane, tais pronunciamentos não resultam de uma reflexão estratégica sólida, mas representam “uma tentativa de encenação política” destinada a desviar a atenção pública das falhas governamentais na gestão da insurgência que, há anos, devasta o norte de Moçambique.
“O que estamos a testemunhar é um verdadeiro teatro político. O governo parece mais empenhado em encenar gestos do que em apresentar soluções concretas para a crise”, afirmou o líder da Anamola.
Mondlane considerou ainda que as recentes intervenções das autoridades “revelam uma preocupante falta de seriedade e de visão estratégica” na abordagem à insegurança em Cabo Delgado, que já causou milhares de mortos e deslocados.
O dirigente político acusou igualmente o executivo de promover um diálogo “exclusivo e seletivo”, sem envolver actores políticos, líderes comunitários, organizações sociais e representantes da sociedade civil, que, segundo ele, deveriam desempenhar um papel central num processo genuíno de reconciliação e reconstrução da província.
“Chama-se de diálogo inclusivo, mas, na prática, é o contrário. Há muitas vozes silenciadas que precisam ser escutadas”, concluiu Mondlane.
A crise em Cabo Delgado continua a representar um dos maiores desafios à estabilidade e segurança nacional, exigindo, segundo vários analistas, uma resposta coordenada entre o Estado, a sociedade civil e parceiros internacionais para restaurar a paz e reconstruir as comunidades afectadas.
0 Comentários