Senhoras e senhores, acomodem-se! O
palco está montado, as luzes brilham, e a peça que todos aguardávamos
finalmente começa: LAM à Beira do Abismo. A companhia aérea de Moçambique,
nossa heroína de asa quebrada, protagoniza um drama digno de Shakespeare, se
ele tivesse escrito sobre burocracia, dívidas e protecções de accionistas.
No centro do enredo,
Agostinho Langa, o maestro dos trilhos e das finanças, tenta domar o caos. Ele
nos garante que os accionistas, três escolhidos com a delicadeza de quem
selecciona legumes na feira: CFM, HCB e EMOSE, ainda não desembolsaram um único
centavo. Silêncio nas contas, enquanto a LAM luta para não se transformar num
museu de aviões parados.
Agostinho Langa aparece
como o maestro da ópera burocrática, segurando microfones como se fossem
varinhas mágicas capazes de transformar promessas em realidade. Vestido
impecavelmente, com gravata alinhada e expressão séria, ele transmite a
confiança típica de quem anuncia grandes feitos enquanto nada de concreto sai
do papel. Um verdadeiro especialista em proteger accionistas e deixar a LAM
voando baixo, mostrando ao mundo que gestões dramáticas e sigilos financeiros
podem ser perfeitamente combinadas com um sorriso contido e postura elegante.
Mas não se preocupem, diz Langa! Há uma estratégia: o SPV, o tal Special Purpose Vehicle, que em bom português seria veículo para empurrar problemas para longe do bolso dos ricos. Nele, todas as dívidas, todos os desastres futuros serão isolados. As accionistas respiram aliviadas, enquanto a LAM recebe aplausos imaginários.
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