O Presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina, refugiou-se num “local seguro” após uma onda de protestos violentos que abalaram o país desde o final de Setembro. A confirmação foi feita pelo próprio chefe de Estado, na segunda-feira, através de uma transmissão ao vivo no Facebook, pondo fim aos rumores de que teria sido evacuado por uma aeronave francesa no domingo.
Rajoelina, de 51 anos, não revelou o seu paradeiro, limitando-se a afirmar que a decisão foi tomada por motivos de segurança. O seu discurso à nação, inicialmente previsto para a tarde de segunda-feira, foi adiado, depois de o gabinete presidencial denunciar ameaças de grupos armados que pretendiam assumir o controlo da mídia estatal.
A crise política em Madagáscar intensificou-se nas últimas semanas. De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 22 pessoas morreram em confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Em declarações à imprensa, o Presidente francês Emmanuel Macron expressou “grande preocupação” com a situação no país, sem, contudo, confirmar se a França facilitou a saída de Rajoelina.
Fontes militares citadas pela agência Reuters afirmam que o presidente deixou Madagáscar no domingo, a bordo de uma aeronave Casa do Exército francês, após ser transportado de helicóptero para o Aeroporto de Sainte Marie.
A alegada fuga do presidente ocorreu após deserções no seio das Forças Armadas, com Rajoelina classificando a acção como “uma tentativa ilegal de tomada do poder pela força”. Horas depois, a unidade de elite CAPSAT, a mesma que apoiou a ascensão de Rajoelina ao poder em 2009, anunciou ter assumido o controlo das Forças Armadas, declarando que recusaria ordens para abrir fogo contra manifestantes.
Os protestos, que começaram em 25 de Setembro, tiveram origem em cortes de água e energia, mas rapidamente evoluíram para manifestações contra o aumento do custo de vida, a pobreza e a corrupção, com manifestantes exigindo a renúncia de Rajoelina.
Na segunda-feira, centenas de pessoas reuniram-se diante da prefeitura de Antananarivo, capital do país, empunhando bandeiras e entoando cânticos pela queda do governo. “Esperamos que o presidente peça desculpas e anuncie a sua demissão”, disse Finaritra Manitra Andrianamelasoa, de 24 anos, à agência AFP.
As manifestações em Madagáscar inserem-se num movimento global de protestos liderados pela Geração Z, que já provocou mudanças políticas em outros países, incluindo o Nepal, onde manifestações semelhantes levaram à destituição do presidente KP Sharma Oli, no início de Setembro.
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