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Ordem dos Médicos anula exames e recusa graduados da UniLúrio

 

A Ordem dos Médicos de Moçambique (OrMM) anulou os resultados dos exames de certificação realizados por graduados do curso de Medicina da Universidade Lúrio (UniLúrio), alegando diversas irregularidades no processo de formação na Faculdade de Ciências de Saúde. A decisão reacende uma polémica que se arrasta há meses e deixa os estudantes do 6.º ano sem estágio profissional há quatro meses.

O caso teve início em maio de 2024, quando os formandos da UniLúrio realizaram o exame de certificação. Embora quase todos tenham obtido resultados positivos, a Ordem recuou da decisão de admissão provisória após denúncias sobre falhas graves na formação médica.

Num documento datado de 17 de setembro de 2024, a OrMM relatou ter enviado uma equipa de médicos especialistas e pedagogos para avaliar o processo formativo da universidade. A inspecção identificou “ausência de pautas, indícios de viciação de notas, estudantes que avançaram de ano sem concluir disciplinas anteriores, falta de aulas regulares desde 2021 e docentes sem contrato ou remuneração há mais de dois anos”.

Diante dessas irregularidades, a Ordem declarou nulos os resultados dos exames e proibiu temporariamente a inscrição de novos candidatos da UniLúrio. A instituição médica também recomendou a criação de uma comissão de inquérito, liderada pelo Conselho Nacional de Avaliação da Qualidade, para avaliar a capacidade formativa da universidade.

A UniLúrio, por sua vez, diz estar a tentar esclarecer o caso junto da Ordem. “A Universidade apenas certifica estudantes que concluíram todos os requisitos académicos. Nenhum graduado nosso foi certificado sem cumprir o plano de estudos”, afirmou Fred Nelson, vice-reitor para a área Académica.

O bastonário da OrMM, Gilberto Manhiça, não se pronunciou sobre o assunto.

A crise atual tem raízes na gestão anterior da universidade, sob a reitora Leda Hugo, que suspendeu contratos com médicos especialistas do Hospital Central de Nampula, responsáveis por supervisionar os estágios dos finalistas. A medida resultou no abandono de turmas e atrasos na divulgação de pautas.

Além disso, a pandemia da Covid-19 agravou as dificuldades, afetando a continuidade do ensino prático.

Atualmente, os estudantes do 6.º ano enfrentam outro impasse: estão há quatro meses sem estágio profissional. “Estamos prontos para iniciar o estágio integral, que dura cerca de um ano, mas o Serviço Provincial de Saúde ainda não celebrou os contratos porque o Ministério das Finanças não disponibilizou o dinheiro”, explicou o estudante Xavier Xavier.

A diretora do Serviço Provincial de Saúde, Munira Abdoo, confirmou a falta de verbas, mas o vice-reitor Fred Nelson garantiu que a situação está prestes a ser resolvida. “Foi um mal-entendido. A universidade e o hospital estão prontos. Esperamos que o estágio comece ainda esta semana.”

Os estudantes temem, contudo, que o atraso comprometa a formação prática. “A medicina exige prática constante. Estamos há meses parados, e isso afeta a nossa preparação”, lamentou Xavier.

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