O Governo moçambicano anunciou que, em 2026, não haverá verbas disponíveis para a contratação de novos profissionais da educação, uma revelação que gerou forte preocupação e indignação em diversos sectores da sociedade, dado o papel central do Estado como principal empregador do país.
A decisão, embora apresentada de forma transparente, foi recebida como um sinal de alerta para o futuro do sistema educativo moçambicano, que já enfrenta carência de professores, sobrelotação nas salas de aula e baixos índices de desempenho escolar.
Em reacção a este anúncio, o jornalista e analista político Tomás Vieira Mário considerou a situação “não apenas dramática, mas trágica”, advertindo que a educação em Moçambique poderá deteriorar-se gravemente nas próximas duas décadas se não forem tomadas medidas estruturais.
“Um Estado que não consegue educar os seus cidadãos, que não consegue garantir o ensino básico, é um Estado com problemas gravíssimos. Um povo mal-educado é um povo vulnerável, facilmente capturável e sem futuro”, declarou Vieira Mário.
Segundo o analista, o problema central não está na falta de dinheiro, mas sim na má gestão e na injusta distribuição dos recursos públicos.
“Dinheiro existe em Moçambique, mas está a ser mal distribuído. O Governo previa contratar 16 mil professores para o ensino básico em 2026, mas apenas poderá admitir entre 2 e 5 mil, para um universo de um milhão de novas crianças. Isso é uma tragédia”, lamentou.
Vieira Mário acrescentou que, mantendo-se o actual ritmo de má gestão e desinvestimento, o país enfrentará um colapso ainda mais profundo no setor da educação nos próximos 20 anos.
A falta de novos professores, aliada ao envelhecimento do corpo docente e ao aumento contínuo da população estudantil, poderá agravar o défice de qualidade no ensino e comprometer os esforços nacionais de desenvolvimento humano e social.
Especialistas defendem que o Governo deve rever urgentemente as suas prioridades orçamentais, garantindo que a educação seja tratada como um investimento estratégico, e não como uma despesa a ser cortada em tempos de crise.
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