Senhoras
e senhores, entrem, sentem e segurem-se bem: o espectáculo vai começar!
Bem-vindos à República dos Tractores, onde a lógica tira férias, o bom senso
está em greve, e o transporte público vira piada de mau gosto.
Na
província de Niassa, no canto mais esquecido da pátria amada, as autoridades
decidiram inovar. Enquanto o resto do mundo avança com autocarros eléctricos,
metro de superfície e ciclovias modernas, nós recuamos para o tempo da enxada.
O plano perfeito foi pegar tractores, sim, senhor leitor, os da lavoura, e
transformá-los em transporte público. É para o povo, disseram, com sorrisos
orgulhosos. Só se esqueceram de mencionar que o povo seria transportado como
batatas, sem conforto, sem segurança, sem dignidade.
E
não deu um mês. Dois dos tractores que se queriam salvadores já deram o berro.
A avaria foi rápida, quase simbólica, como quem diz, eu avisei. Mas ninguém
ouviu. Porque por estas bandas, mais vale a propaganda do que a solução.
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